domingo, 2 de outubro de 2011

T e a t r o n a c i d a d e

Último sábado de verão, à noite.
Lotação esgotada, tal como havia acontecido na véspera.
O característico sinal sonoro avisa que o espectáculo vai começar.
Mas como!? Como é possível dar-se início, se o palco aparece, inexplicavelmente, ocupado por figurantes, técnicos (e actores!?), esmerando-se nos últimos retoques do cenário.
Estranho! Mas, ao mesmo tempo pensámos “Aqui há, com certeza, o dedo inovador do encenador!De facto, pouco tempo depois, quando o narrador fez uma breve introdução à história a que iríamos assistir, percebemos, então, a importância daquela inusitada azáfama inicial, que, a meu ver, correspondeu a uma bem conseguida primeira cena.
Ainda bem que assim foi, porque, a partir daí tudo ficou mais claro na história a que assistiríamos.
A peça é o romance trágico de Camille, uma jovem que abandona o convento e reencontra, na sua terra natal, o primo Perdican, “acabadinho” de chegar da universidade, munido do respectivo “canudo”.
Sob o título “Não se brinca com o amor” , este drama foi escrito pelo dramaturgo Alfred de Musset em 1834, período em que conhece uma verdadeira mulher: George Sand.
Um dos mais belos clássicos de sempre que retrata figuras verdadeiramente intemporais. Contém uma crítica mordaz aos costumes sociais da época, mas que nos parece actualíssima.
Devo dizer que me fez lembrar as récitas escolares dos tempos de estudante. Um espanto!
O encenador Jorge da Silva Melo “pôs de pé” uma excelente obra de arte que nos reporta às origens do teatro.
Grato à companhia dos Artistas Unidos pelos jovens actores [Catarina Wallenstein, Elmano Sancho, Vânia rodrigues, etc.] que desempenharam excelentemente o seu papel. E parabéns ao Teatro Viriato pela estreia absoluta em Portugal!
Gostaria de destacar alguns actores, mas, pensando melhor, julgo que seria injusto estabelecer qualquer hierarquia. Sobressaiu o conjunto.
Faz sentido falar em bom teatro na “província”?

7 comentários:

  1. Obrigada pela partilha, uma excelente sugestão. Quem sabe um dia não vem esta peça à minha cidade.

    beijinhos e bom fim de semana

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  2. Quanto a mim na província é que faz todo o sentido...
    Bjs

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  3. Lendo um comentário seu em "Luz de África", de nossa amiga comum, Isabel Maria, decidi dar um "pulinho" aqui, Petrus, Visitei seus outros blog's, li um pouco e retornei a este.
    Gostei da matéria da postagem acima.Já fiz "teatronacidade", só que na minha,Fortaleza...
    Frequento teatro, cinema,gosto da boa música, artes plásticas.
    Seu blog é repleto de escritos sobre Arte,me agrada. Portanto, vou voltar.
    Um abraço
    Lúcia

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  4. Petrus, faz sentido sim...onde quer que nos encontremos...hajam bons atores , encenadores e nasce boa criação!!! é bom levar a arte onde não existe...É o mesmo que levar água ao deserto.

    O meu abraço

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  5. faz sentido pensar que o provincianismo é que dói

    o bom teatro, está onde nós estamos

    um abraço

    manuela

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  6. Muito bem! O bom Teatro aparece-nos representado por bons actores onde quer que se encontrem. E remete-nos para a vida, em que esta é uma peça de teatro: umas vezes comédia, outras drama...

    Bjos

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  7. 'On ne badine pas avec l'amour' de Alfred de Musset é a peça de que tão bem fala!
    Ah! Amores conturbados, esses, com George Sand...

    E pelo que pude perceber - embora já o adiantado da hora me possa trair - o teatro desceu à província! E com muito mérito!

    Talvez seja onde esta arte cénica é mais apreciada!

    Bons actores, sem dúvida, e um excelente encenador!

    Certamente uma noite inolvidável!

    É com muita amizade que venho agradecer o seu retorno a 'fragmentos'!

    Excelente semana!
    Um beijo

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